Campeonato Brasiliese de fisiculturismo reúne mais de 100 competidores no fim de semana

 Disputa vale vaga no torneio nacional, no Rio de Janeiro

Definição, simetria e volume muscular. Esses são os três principais requisitos que os árbitros de fisiculturismo avaliam nos atletas que participam dos concursos da modalidade mundo afora. No sábado, mais de 100 competidores terão de mostrar que estão em plena forma em cada um desses aspectos, durante o III Campeonato Brasiliense de Fisiculturismo e Fitness, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a partir das 16h, com a participação de Miguel Oliveira, um dos principais fisiculturistas brasileiros da atualidade.

No total, serão julgadas 15 categorias, sendo três femininas e 12 masculinas. Os vencedores se classificam para o Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo, que acontece na semana que vem, no Rio de Janeiro. Segundo Patrícia Helena Fernandes, presidente da Federação Brasiliense de Fisiculturismo, todas as seletivas regionais acontecem quase que simultaneamente, sempre perto do Campeonato Brasileiro, para facilitar a vida dos atletas, que antes de uma competição têm de mudar toda a rotina de exercícios e alimentação. “É preciso, no mínimo, quatro meses de preparação para o ganho de massa e para que se esteja apto a competir. Os atletas passam por uma dieta rigorosa, que não é fácil de ser mantida. Por isso, os campeonatos são todos próximos, para facilitar a vida dos fisiculturistas”, comenta Patrícia, que é tetracampeã brasileira.

De acordo com ela, nos primeiros dois meses de preparação rumo às competições, os atletas passam por um período chamado de off, quando apenas fazem treinamento de carga e ganham peso, fazendo poucos exercícios aeróbios. Depois, é a vez de entrar na dieta especial à base de carboidratos e proteínas. Nessa fase, o cardápio se restringe a batata doce, arroz integral, aveia, peito de frango, clara de ovo e peixe. “Além disso, na última semana, corta-se todo o carboidrato e sódio. E, no dia da competição, voltamos com tudo com o carboidrato. Saturamos o corpo. É aí que inchamos”, explica Patrícia. “Esse sacrifício todo dos atletas é para chegar ao palco e exibir o melhor resultado, ou seja, estar com os músculos extremamente bem definidos, com cortes profundos, como dizemos. Esse é o principal ponto avaliado pelos árbitros”, completa.

Saiba mais

Cardápio perigoso
É importante ressaltar que a dieta de um competidor de fisiculturismo não é recomendável para uma pessoa comum. Tudo é feito com um acompanhamento rigoroso de nutricionista e especialmente para a competição, como alerta a fisiologista Keila Fontana. “São métodos radicais para conseguir secar a gordura corporal e criar músculos, mas que podem causar problemas seríssimos para o fígado e para os rins, pois sobrecarregam os órgãos no sentido de produção de energia. Não é para qualquer um. É preciso um acompanhamento especial como o que os atletas fazem”, alerta Keila.

 

Estatísticas e curiosidades

Antes de ser ator e governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger começou a carreira como personalidade do fisiculturismo e se tornou um dos principais nomes da modalidade. Aos 17 anos, ele começou a competir e conquistou diversos campeonatos. Foi Mr. Olympia, campeão mundial de culturismo oito vezes (1969,1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, e 1980) e Mr. Universo sete vezes (1966, 1967, 1970 e duas vezes em 1968 e 1969).

Quem é ele
Nome: André Luiz da Silva Coelho
Idade: 27 anos
Peso: 96kg
Altura: 1,83m
Profissão: auxiliar administrativo

Quem é ela
Nome: Rafaela Fonteles
Idade: 33
Peso: 62kg
Altura: 1,61m
Profissão: personal trainer


Memória

Início na década de 40

O fisiculturismo surgiu do halterofilismo competitivo na década de 1940 por meio do canadense Josef Weider. Ele decidiu modelar o próprio corpo com o propósito de afugentar e se proteger dos tipos brigões que assolavam a vizinhança onde morava, em Montreal. Josef foi a um ferro-velho, pegou duas barras e começou a treinar em casa. Quando notou o aparecimento dos resultados do treinamento, achou que outras pessoas gostariam também de se beneficiar do levantamento de pesos. Passou, então, a publicar um informativo e definiu o esporte como algo diferente do halterofilismo de competição, cujo único propósito era desenvolver tamanho muscular em uma proporção equilibrada.

Por dentro da competição

O Campeonato Brasiliense de Fisiculturismo será dividido nas seguintes categorias:

Femininas – wellness, bodyfitness e culturismo

Masculinas – bodyshape, juvenil (até 21 anos), sênior
(21 até 40 anos, com sete variações de peso),
master (acima de 40 anos),
culturismo clássico e overall.


Caras novas entre os halteres

Entre os fisiculturistas que participarão do Campeonato Brasiliense, no sábado, estão os novatos André Luiz da Silva Coelho e Rafaela Fonteles. “Participei de um campeonato em Valparaíso. Fui visto lá e me convidaram para treinar e competir no brasiliense. Sempre malhei e fui forte, mas nunca pensei em participar de campeonatos. Estou ansioso”, conta André, que está na categoria acima de 95kg.

Já Rafaela Fonteles, outra cara nova na competição, quis participar dos dois campeonatos anteriores, mas não conseguiu. Dessa vez, ela garante que subirá ao palco para mostrar o corpo. “Estou na categoria bodyfitness, que na verdade exalta o corpo atlético, não extremamente musculoso e superdefinido. A gente sempre entra com grandes expectativas, né? Espero que consiga me classificar para o Brasileiro”, torce.


Panorama internacional

A Federação Internacional de Fisiculturismo (International Federation of Bodybuilding — IFBB) regula o campeonato de culturismo mundial, o Mr. Olympia. Os maiores vencedores foram Lee Haney (EUA/oito vezes), Ronnie Coleman (EUA/oito vezes), Arnold Schwarzenegger (AUT/sete vezes) e Dorian Yates (ING/seis vezes). O atual campeão da disputa é o norte-americano Jay Cutler, que venceu em 2009, 2007 e 2006. Entre as mulheres, a também norte-americana Iris Kyle foi a última vencedora do concurso Miss Olympia. Ela já coleciona cinco títulos mundiais.

Apenas dois brasileiros competiram no Mr. Olympia. Luís Freitas ficou com 19º lugar, em 1988, enquanto Eduardo Correa faturou a terceira posição, na categoria até 92kg, em 2009.

Até hoje, Arnold Schwarzenegger, que difundiu a prática da modalidade pelo mundo, é considerado o melhor fisiculturista da história, em virtude da extrema inventividade e habilidade de no campo da musculação.